segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Eles sabem fazer ato profético!



Uma noite de consagração na passarela do samba (eles entendem de Atos Proféticos)
13-fev-2012 • 9:37 am Nenhum Comentário
Em ato ecumênico, baianas fazem lavagem da Marques de Sapucaí

As baianas evoluem por toda a pista do Sambódromo durante o ato ecumênico: pombas brancas foram lançadas e palmas, oferecidas aos santos
RIO – O templo do samba recebeu na noite deste domingo as bênçãos dos santos e dos orixás. Com direito a incenso, galhos de arruda, água de cheiro e vassouras de ervas, 680 baianas fizeram, debaixo de chuva, uma lavagem simbólica da pista para trazer boas energias. Numa cerimônia ecumênica, as baianas — todas integrantes de escolas de sambas — mesclaram o ritual dos terreiros de umbanda e candomblé, onde muitas praticam sua fé, à religião católica e fizeram o primeiro grande espetáculo do novo Sambódromo.

Acompanhadas por percussionistas de escolas do Grupo Especial, as baianas atravessaram toda a extensão da Marquês de Sapucaí. Sob o comando do Mestre Casagrande, da Unidos da Tijuca, os ritmistas marcaram o desfile com o som característico dos terreiros, tirado dos atabaques incluídos entre os instrumentos usados pelas baterias das escolas. Além disso, foram tocados sambas clássicos que marcaram a história dos desfiles.

Nesi Noronha, de 63 anos, nascida e criada no Morro do Salgueiro, também participou do evento ecumênico, que contou com uma imagem de São Sebastião, o padroeiro da cidade.

— É muito gostoso participar dessa purificação do Sambódromo. É uma sensação maravilhosa para nós, que somos mães do samba — disse a baiana.

O evento contou com a presença do padre Marcos Willian, representando dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio, que deu a sua benção aos integrantes de todas as agremiações. Também participaram da cerimônia a cantora Alcione, representando a Mangueira; Elimar Santos, representando a Imperatriz Leopoldinense; e Milton Gonçalves, que este ano vai desfilar na Portela.

Beija-flor encerra temporada de ensaios

O prefeito Eduardo Paes também participou da cerimônia e, ao fim do desfile, fez graça:

— Nunca tomei tanto passe na minha vida. Agora estou protegido.

Depois do desfile das baianas, foi a vez de os integrantes da Beija-Flor de Nilópolis, campeã do carnaval de 2011, passarem pela avenida. A escola encerrou a temporada de ensaios técnicos e fez o teste de som e iluminação da avenida.

Com show agendado no interior de São Paulo, Neguinho da Beija-Flor não conseguiu chegar a tempo na Sapucaí para ensaiar com a escola, que este ano homenageia no enredo os 400 anos de São Luís, a capital do Maranhão. Na ausência do intérprete, cantores da azul e branca tomaram conta do carro de som e agitaram com o animado samba os ocupantes das frisas e arquibancadas – segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), 25 mil pessoas compareceram à última noite de ensaio técnico na avenida.

Maranhense, a cantora Alcione, torcedora da verde e rosa Mangueira, prestigiou o treino da agremiação de Nilópolis. Confirmada no desfile, a “Marrom”, que mais cedo havia participado da cerimônia de lavagem da pista, estava emocionada por ter nascido na cidade escolhida como tema da atual campeã do carnaval.

- Esse carnaval está sendo de muita emoção para mim. O enredo da minha Mangueira é maravilhoso, sobre o Cacique de Ramos, e a Beija-Flor ainda resolve falar da minha terra. É emoção demais para uma cantora só. É bom que não vou precisar arrumar pique para aguentar desfilar nas duas escolas, porque isso eu já tenho de sobra – comentou.

Quem também demonstrou ter muito fôlego foi o arquiteto Oscar Niemeyer, que estava na avenida desde a tarde de domingo, para a cerimônia de reinauguração do Sambódromo, e resolveu ficar para o ensaio da Beija-Flor.

Entre os destaques da noite, as alas coreografadas pelo diretor teatral Hilton Castro, que é responsável pelos movimentos de 1.500 componentes da escola, entre eles os “mendigos” que desfilarão no carro que irá representar o “Cristo Mendigo”, alegoria criada por Joãosinho Trinta em 1989, quando deu o vice-campeonato à agremiação com o enredo “Ratos e urubus, rasguem a minha fantasia”. No ensaio, a fim de surpreender o público no desfile oficial, os 260 componentes do carro não estavam vestindo os trapos que usarão no domingo de carnaval.

A porta-bandeira Selminha Sorriso e o mestre-sala Claudinho também foram um show à parte na passagem da Beija-Flor pelo Sambódromo, assim como a comissão de frente comandada por Fábio de Mello e a bem entrosada bateria, que tinha à frente dos ritmistas a rainha Raíssa Oliveira, sempre aplaudida pelo samba no pé.

Após o ensaio da Beija-Flor, entrou em cena a turma do Cordão da Bola Preta. O bloco tomou conta da pista de desfiles e foi seguido por quem estava nas arquibancadas.

Fonte: O Globo

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